Um Amor Impossível

 Bom dia/ Boa Tarde/ Boa Noite! Não importa quando você está lendo, o importante é que Leia! 🖤

Tentei criar um conto mais curtinho dessa vez enquanto a terceira parte do conto Clarice ainda não fica pronto, espero que gostem! Sem mais delongas...Boa leitura 😊😎

Essa história aconteceu em meados dos anos 80, tempo em que internet era artigo de luxo...Numa cidade do interior de SP, em Sorocaba vivia Daiana, era uma menina tímida e muito estudiosa, intitulada como CDF naquela época, mais conhecida como nerd nos dias de hoje, ela não tinha muitos amigos, apenas sua mãe Neuza e Luana, sua amiga desde a quarta série, eram muito unidas desde essa época, porém, por circunstâncias do destino, elas não se viam a pelo menos 1 ano e meio, desde que o pai de Luana precisou se mudar da cidade, seu pai que era Militar  e recebeu uma proposta para ir trabalhar em outro estado, no Sul do país, então por conta disto toda a família se mudou, Daiana e Luana se falavam agora somente  por cartas e telefone quando dava, pois as ligações interurbanas naquela época também eram artigo de luxo por ser algo muito caro.

Daiana sempre foi uma garota solitária, mesmo quando Luana ainda morava na cidade e estava por perto, Daiana tinha sempre a necessidade de passar um tempo sozinha, ela era a mais velha de 3 irmãos, sua mãe cuidava da família sozinha desde os 10 anos de idade de Daiana, quando a menina acabou perdendo seu pai para um câncer agressivo e raro no cérebro, ela sempre foi muito apegada ao seu pai então foi uma dor muito grande a de perde-lo tão cedo.

Depois que ganhou uma certa independência ela passou a ir toda semana no cemitério arrumar o túmulo do seu pai, depois que terminava ficava lá horas do dia, escrevendo, desenhando e etc. Quando completou 16 anos arranjou um emprego de meio expediente em uma lanchonete localizada no centro da cidade e devido sua nova ocupação era mais difícil ela conseguir ir ao cemitério com a mesma frequência de antes, então entre uma folga e outra alternando com os compromissos familiares e escolares ela ia visitar o túmulo do seu pai e deixa-lo arrumado como sempre fazia e gostava. Numa dessas ocasiões, após ter concluído suas tarefas ela fez uma caminhada pelo cemitério, chegando em um novo jazigo que uma família aparentemente rica ou então muito sofisticada tinha construído num lote reservado para toda a família, Daiana sabia disso porque por diversas vezes nas suas visitas tinha visto e acompanhado as etapas de construção dele.

Estava ela lá sentada no chão em frente a esse jazigo, tirou da sua bolsa um caderno e um lápis e começou a reproduzir um desenho sobre aquela figura que avistava, quando ela foi interrompida por um menino, ele aparentava ter a sua idade ou pelo menos próximo a idade dela, tinha pele morena, cabelos encaracolados, olhos bem pretos e expressivos, bochecha e lábios levemente rosados, tinha porte atlético e usava um brinco em uma das orelhas, seus cabelos eram de tamanho médio. Quando Daiana viu aquele garoto parado na frente dela ela perdeu o fôlego, ficou encantada com a beleza daquele menino, ela ficou ali parada feito boba olhando para ele e admirando a sua beleza por alguns segundos sem falar nada e depois voltou a desenhar no caderno e então o menino que de tão belo parecia uma das esculturas do jazigo, quebrou o silêncio e a tensão que tinha se instaurado e perguntou de forma descontraída...

-Eu também vou aparecer nesse retrato? Perguntou o menino com uma voz doce e sorridente.

Daiana olhou mais uma vez para ele, desta vez corada em resposta a pergunta do garoto, ela não sabia o que fazer pois nunca um garoto bonito como aquele havia abordado ela, os meninos nunca se sentiram atraídos por Daiana, então ela nem sabia como agir diante daquela situação, ficou ali, calada, encarando o garoto sem nenhuma expressão no rosto e sem saber o que fazer, voltando do seu transe pessoal o garoto que ainda estava lá parado em pé tornou a perguntar.

-E aí vai me desenhar nesse retrato gata? 

-Ah, uh, bem...não sei, nunca vi você na escola, muito menos aqui....

-E o que isso importa pra eu fazer parte ou não da sua pintura? Disse ele sorrindo novamente, desta vez revelando duas covinhas, uma em cada bochecha que até outrora passaram despercebidas pela menina, enquanto falava ia se aproximando mais de Daiana.

-Não sei também...ainda mais corada do que quando o garoto perguntou pela primeira vez.

-Vamos começar de novo, minha mãe diz que eu sou sempre tão apressado...enfim, sou Pedro, tenho 17 anos e sou novo por aqui! E você princesa como se chama ? 

Sem tirar os olhos do caderno pois estava com medo de pagar aquele mico se olhasse pro gatinho com o rosto vermelho de vergonha, então ela disse em um tom seco: -Meu nome é  Daiana.

-Esse nome combina com você Daiana, o que você tá desenhando aí? Posso ver?

- Ainda não terminei...disse Daiana olhando para ele novamente e tentando tampar a visão do garoto ao caderno, Pedro tinha se sentado próximo a ela e encaram-se desta vez olho no olho.

Novamente uma tensão pairou sobre os dois, novamente tomava conta a sensação de se ter parado o tempo, ele fitava os olhos cor de mel de Daiana, pareciam dois pedacinhos de favo de mel cristalinos, percorria seus olhos pretos e curiosos pelo cabelo da menina, era castanho claro mas com o reflexo da luz batendo contra os fios de cabelo, os mesmos ficavam quase loiros, em suas bochechas ela tinha sardas deixando seu rosto com um ar infantil, admirou rapidamente sua boca, agora vermelha de tanto Daiana a morder, de alguma forma denunciando sua ansiedade ou desconforto com a presença de Pedro e enquanto isso ela por sua vez admirava cada traço daquele rosto perfeito. Pedro não tinha deixado escapar o quanto estava admirado com aquela garota, tanto quanto ela por ele, mas estava caidinho por Daiana, assim que bateu os olhos nela e ficaram assim por alguns segundos, se olhando até que de repente Pedro saiu do transe...

- Fico aqui me perguntando sabe o que? O que uma menina linda, jovem e cheia de vida como você está fazendo presa dentro de um cemitério as 14:00h de um domingo ensolarado desses? Essa cidade não tem parque não, sei lá algum outro lugar mais interessante para ir? 

-Tem mas eu prefiro a calmaria daqui!

- E cadê o seu namorado que te deixa vir aqui sozinha? 

Ela novamente enrubesceu afundando o rosto no caderno e dizendo envergonhada.

-Não tenho namorado.

Ele sorriu vitorioso e disse animado: - Muito que bem baby! Posso lhe fazer companhia? Já percebi que você é de poucas palavras kkkkk mas prometo ficar quieto ...posso? 

Daiana realmente não entendia porque aquele gato estava insistindo tanto nela mas até que estava começando a gostar disso, mesmo que isso atrapalhasse na sua concentração em desenhar... olhou de novo para a escultura do jazigo e depois para o seu caderno e enquanto traçava mais uma linha em seu caderno disse meio de saco cheio...

-É um país livre e estamos num local público, não vejo porque você não deveria ficar aonde bem quiser ...

-Ótimo! Além de linda e educada você também é gentil gata, você é o pacote completo hein!😊😍 

Os dois riram, quebrando o gelo e a resistência de Daiana e ficaram ali sem trocar muitas palavras, ele rasgando seda pra ela e saboreando cada movimento dela, cada momento em que a pegava de surpresa envergonhada com as suas investidas, vez ou outra puxava assunto perguntando algo sobre ela, seu convívio na escola, sobre os desenhos, qualquer coisa que a fizesse falar...e ela toda desconfiada, transparecia frieza por fora mas por dentro já estava toda boba com ele, depois de algum tempo ela se despediu dele que continuou lá no cemitério, despediram-se com um beijo na bochecha respeitoso, porém, o toque praticamente deu choque nos dois.

Após esse dia a presença e companhia de Pedro nas suas idas ao cemitério se tornaram frequentes, não demorou muito até que Pedro se declarasse para Daiana, revelando um grande amor e desejo pela garota doce e tímida que tivera conhecido, ele não abria mão de passar algum tempo com a sua amada, no segundo encontro se beijaram na boca pela primeira, sendo a primeira vez que Daiana beijava na boca e ele a pediu em namoro logo em seguida, ela aceitou se tornando então a sua namorada, ela não sabia como mas ele sempre adivinhava quando Daiana chegava ao cemitério, o ponto de encontro do casal era sempre em frente ao mausoléu da família Souza, local onde se viram pela primeira vez, com o tempo os dois foram se apegando e Daiana não conseguia mais ficar longe de Pedro, era totalmente diferente dele, talvez até por isso se sentia ainda mais atraída, Pedro era livre, um sonhador, intenso nas palavras, nos modos, já Daiana sempre tão racional e pé no chão....Mas mesmo assim faziam uma bela dupla e se davam super bem, ele demonstrava reciprocidade em relação aos sentimentos de Daiana por ele.

https://noticias.sorocaba.sp.gov.br/dia-de-finados-tem-acoes-especiais-nos-cemiterios-publicos-de-sorocaba

Daiana estava com Pedro a pelo menos dois meses e meio, ela começava a questionar algumas coisas que achava estranho, como por exemplo o fato de sempre ter de ver o Pedro no cemitério e nunca ter esbarrado com ele em outro local da cidade, estranhava a ela o fato de nunca ter sido convidada para ir até sua casa e conhecer sua sogra ou até mesmo se verem na escola, Sorocaba é uma cidade do interior relativamente grande se pensarmos em uma cidade de interior que geralmente tem uma quantidade menor de habitantes, mas mesmo assim em algum momento eles deveriam se encontrar nesses 2 meses e meio não?! Como Daiana era muito racional ela sempre trazia nos encontros com Pedro essas questões afim de conseguir alguma resposta do seu namorado, mas ele sempre desconversava, Daiana se sentia muito mal quando pensava nisso, porque isso despertava nela insegurança em relação a Pedro, ao namoro e as intenções dele para com ela, mas para manter o clima agradável no relacionamento deixava suas desconfianças pra lá e aproveitava o máximo que podia os momentos com Pedro, pois afinal de contas eles se viam muito pouco para um casal de namorados adolescentes. 

Foi quando num belo dia numa dessas idas ao cemitério depois de irem visitar o túmulo do pai de Daiana, ela sugeriu que fossem ao parque da Cidade juntos, ele hesitou disse que não queria ir, depois de muita insistência, explicou que não poderia sair dali, ela perguntava porquê mas ele disse que não sabia, que já tinha tentado sair outras vezes e nunca conseguia. Daiana não ficou nada satisfeita com aquela resposta, como assim não podia? Simplesmente não podia! Ela não aceitava essa resposta como verdade absoluta e num gesto súbito pegou o namorado pela mão e saiu rumo a saída do cemitério

-Mas eu só acredito vendo, estou cansada dessas suas desculpas, não vai ficar me passando pra trás! E puxou Pedro até a saída do cemitério para quem estava dentro dele e a entrada do cemitério para quem chegava da rua.

Quando chegaram a porta de entrada ela puxou ele para fora mas seu namorado ficou parado bem em frente a entrada do cemitério como se fosse uma árvore, uma pedra, ela tentou puxa-lo mas de repente Pedro se tornara extremamente forte ou curiosamente pesado em questão de segundos, pois era impossível mover o garoto para fora do cemitério, nem mesmo as pernas saíram do chão...ela coçou a cabeça confusa enquanto se afastava da entrada do cemitério e disse. -Pedro para de frescura! Vem pra cá! O guarda do cemitério perguntou para a Daiana quem ela estava chamando, ela disse que era o seu namorado e apontava o dedo para ele bem em frente a entrada do cemitério, o guarda olhava para onde ela apontava e olhava de volta para Daiana sem nada entender.  - Ele está aí moço, bem do seu lado você não vê?! O cara olhou em direção onde Daiana estava apontando de novo e fez o sinal da cruz bem assustado e disse que ela estava passando tempo demais lá dentro, apontando para dentro do cemitério com a mão esquerda e aconselhou a garota de que era melhor da um tempo dessas coisas e começar a conviver mais tempo de sua vida com os vivos...Ela não entendia nada que o guarda falava.

Pedro até tentou sair mas não conseguia tirar os pés do chão, triste ele que nunca até então se quer tinha  ficado mais sério ou sisudo com as perguntas de Daiana desde que se conheceram, tinha agora semblante triste e enraivecido, completamente mudado ele começou a chorar e a ficar nervoso, foi aí que Pedro deu um passo para trás, olhou mais uma vez para Daiana com a face de quem guardava um segredo e saiu cemitério adentro correndo.

Daiana não sabia o que fazer, se deveria sair correndo atrás do seu namorado para terminar tudo, para pedir desculpas, não sabia o que dizer, ela estava tão confusa e assustada com aquilo, nunca tinha visto nada igual, pensou que poderia ter exagerado e achou melhor ir atras dele e dizer que estava tudo bem eles se verem sempre no cemitério, ela iria tentar ajudar de alguma forma, pelo menos a entender porque acontecia aquilo com ele e então entrou novamente no cemitério e procurou por Pedro em todos os lugares mas nada dele, é como se tivesse desaparecido ao entrar no cemitério...aquilo só serviu para deixar Daiana ainda mais confusa, já estava a uma altura até mesmo de se culpar pela atitude estúpida que tivera, pensava que por nada tinha acabado de perder a pessoa que mais gostava desde que seu pai tinha falecido. Sem escolha ela voltou para casa, achou melhor esperar até a próxima visita ao cemitério para poder conversar melhor com Pedro e resolver as coisas.

Na semana seguinte, como de praxe Daiana foi até o cemitério, esperando ver seu amado, porém ele não apareceu, Daiana andou o cemitério inteiro na esperança de que encontraria Pedro na próxima quadra que adentrasse, mas nada! Nem sinal de Pedro...aquilo deixava ela triste e angustiada por dois motivos, primeiro porque sentia que amava Pedro e se sentiu usada com o sumiço repentino dele, segundo porque pensava que Pedro só queria se divertir com ela e não tinha a intenção de assumir compromisso sério como Daiana já vinha pensando que seria, para Daiana era muita falta de consideração com uma pessoa que ele dizia amar ter uma atitude tão infantil assim, desaparecendo sem dar um desfecho a história deles. Daiana não sabia mais se era compromissada ou não, se deveria esperar que Pedro reaparece com alguma desculpa esfarrapada ou apenas terminando tudo, sendo assim sua única saída foi ver no silêncio e sumiço do rapaz a resposta para os seus dilemas: Realmente estava tudo terminado, e tinha acontecido da pior forma possível, Pedro brincou com os seus sentimento ou na pior das hipóteses teria sido tudo um grande delírio da parte dela. Depois disso suas idas ao cemitério não tinham mais graça, ela realmente tinha se afeiçoado ao Pedro, mas continuava indo até o local sempre nas suas folgas pelos motivos anteriores a aparição de seu namorado misterioso.

Depois de muitas semana indo ao túmulo de seu pai, Daiana desistira de encontrar Pedro novamente, sofria com o rompimento repentino, tinha perdido toda e qualquer esperança de poder vê-lo novamente e já se contentava com o fato de que daqui pra frente teria de viver sem a presença de Pedro, sentia saudades de tudo nele e tudo parecia lembrar ele, mas independentemente dos motivos dele, Daiana estava convencida de que foi tudo uma grande ilusão e aos poucos compreendia que nunca mais saberia notícias de Pedro, e que deveria seguir em frente. Não contou a ele pois queria fazer surpresa mas tinha feito um desenho dele que posteriormente, quando ficasse pronto ela iria entregar como presente, mas não deu tempo.

Depois de algum tempo mantendo a mesma rotina de antes, a noite Daiana sonhou com o seu namorado, eles estavam no cemitério e Pedro chegava tímido, envergonhado, com os olhos marejados, pedindo desculpas pelo sumiço dele, dizia a Daiana que não tinha mais voltado não porque não quisesse mas porque não tinha como voltar, não depois de ter entendido tudo o que tinha acontecido a ele, disse que ainda a ama muito, enquanto acariciava com ternura o rosto de Daiana molhado de lagrimas ele disse que ela foi uma das pessoas mais especiais que ele teve a oportunidade de ter e conviver mas que o amor deles é algo impossível no momento, no sonho ele pedia para deixar o desenho que Daiana tinha feito no jazigo onde tinham se conhecido, com ternura ele secou as lagrimas do seu rosto, pedia para ela ser forte e seguir em frente mesmo que ele não pudesse acompanha-la em vida, a abraçou e agradeceu pela sua amizade, companheirismo, compreensão, pelo todo seu amor. Disse que não era pra ela ficar se sentindo mal ou culpada porque tudo o que aconteceu tinha de ser da forma como foi, e se despediu dela com um beijo amoroso, demorado e apaixonado inundando todo ambiente de uma luz muito forte. 

Daiana despertou do sonho, incrivelmente, se sentindo em paz, os sentimentos ruins que assaltava sua mente em relação a Pedro a havia abandonado, dando lugar a um sentimento de paz e de amor muito grande, ela sentia gratidão, Contudo, Daiana não compreendia como Pedro sabia sobre o desenho e sobre a sua intenção em entregar o desenho a ele, não tinha comentado nada e nem deixado transparecer que estava fazendo algo para ele então como ele sabia? No mesmo dia do sonho, Daiana se sentiu em dívida com seu amado e faltou a escola para ir até o cemitério deixar o desenho na frente do jazigo como havia pedido Pedro em sonho, chegando lá viu uma senhora, por educação Daiana  cumprimentou-a com um bom dia tímido, abaixou até o chão do jazigo e perto da escultura depositou uma folha com o desenho de Pedro sorrindo como se lembrava dele em todas as ocasiões que tinham se encontrado, e em cima do desenho colocou uma flor de girassol simbolizando seu amor por ele.

 Ao se distanciar do jazigo e virar as costas para ir embora a mulher que estava em frente ao mesmo jazigo e que chorava copiosamente disse em alto para que Daiana pudesse escutar.

-Ele amava rosas vermelhas, mas os girassóis representavam muito bem o sorriso e espirito brincalhão dele, eu morro de saudades todos os dias! 

Se solidarizando a fala da mulher Daiana deu meia volta e disse 

-Sinto muito, perdi uma pessoa que é especial pra mim também e consigo compreender a dor que a senhora sente, meus sentimentos mais uma vez! Disse Daiana não ligando o girassol a pessoa....

-De onde você conheceu meu filho menina! Disse a mulher ainda mais emocionada que antes com a voz falhando.

- Como assim seu filho? Daiana perguntou confusa.

-Esse desenho que você fez, é de Pedro meu filho! De onde você o conhece ? 

-Daqui do cemitério, mas não entendo ....Porque a senhora chora tanto ? 

-Ah sim você estava no dia do velório dele então? Estranho, você não passaria despercebida pelos meus olhos..

-Não, acho que a senhora está enganada, talvez seu filho seja muito parecido com o meu Pedro, mas meu namorado não morreu não!

 - É que esse desenho que você colocou aqui é do meu filho menina!

- Senhora já passei pela dor do luto e sei que temos os nossos momentos de confusão mas posso lhe assegurar que não estamos falando da mesma pessoa, como a senhora explicaria que eu pudesse beijar, abraçar e tocar uma pessoa que já morreu?

A mulher realmente não sabia explicar como mas de alguma forma aquela menina tinha ou teve algum vinculo com o seu filho...

-Também acredito que seja impossível uma pessoa namorar ou tocar em um fantasma, mas o Pedro nunca me disse de nenhuma amiga com as suas características, éramos muito próximos por ele ser filho único...tenho certeza que se ele tivesse conhecido você teriam mesmo namorado pois você e linda e porque também conhecia todos os amigos e amigas do meu filho, mas deixe de brincadeiras...isso é cruel demais com uma mãe você sabia?! 

- Calma senhora, eu não quis te ofender, não estou entendendo nada, como seria desrespeitoso eu ter conhecido seu filho aqui no cemitério? Estamos num lugar público, qualquer pessoa pode frequentar esse local!

-Você não me desrespeita por ter conhecido meu filho garota, você me desrespeita por insinuar que meu Pedro estava vivo quando isso aconteceu, depois de todo o horror que eu mesma acompanhei, velei e enterrei meu filho tem 4 meses e é muita covardia a sua dizer o contrário, não se deve dar esperanças a uma mãe desconsolada pela partida de seu filho....

Agora quem estava chorando copiosamente era Daiana, ainda não tinha compreendido e pediu que a senhora lhe explicasse que brincadeira de mal gosta era aquela? Impossível que Pedro estivesse morto e ainda por cima a 4 meses...como isso pode ser possível! A mulher então disse que Pedro era seu filho único e aos 17 anos havia sido acometido por meningite, disse que ele lutou bravamente por sua vida mas que mesmo com o tratamento adequado e respondendo bem nas 3 primeiras semanas a meningite foi mais forte e o levou a óbito.

Daiana não acreditava na história que aquela mulher estava contando a ela, era impossível que isso tivesse acontecido a 4 meses atrás porque Pedro ainda era vivo, ela disse que tinha algo de errado, disse que a mulher estava mentindo, que tinha descoberto que Pedro a amava e que ela estava fazendo aquilo para impedir que os dois continuassem namorando, chegou a dizer que Pedro era muito covarde por não ter a decência de ele mesmo ter terminado o namoro ou por não ter lutado pelo amor deles, entre outras coisas....A mãe de Pedro segurou Daiana forte nos braços a abraçava e a balançava como quando colocamos um bebê para dormir, Daiana foi se rendendo e foi assimilando os fatos, dois meses e meio, não podia sair do cemitério, não conseguia...Daiana estava mantendo contato com um fantasma, o espirito de Pedro! Ela não podia acreditar nisso

Depois do choque em saber de toda a verdade, a mãe de Pedro quis entender a versão de Daiana que lhe contou toda essa experiencia maluca e incrível que tinha vivido com ele, a mãe de Pedro só fazia chorar, não conseguia acreditar nem duvidar do que aquela menina estava dizendo a ela, apenas gostava da ideia de pensar que Pedro continuava de alguma forma vivo ainda que não fosse de carne e osso. Com o tempo o vazio deixado por Pedro foi sendo preenchido com as visitas de Daiana a casa de Soraia, se tornaram amigas e com o passar dos anos o vazio que Pedro tinha deixado deu espaço a saudades. Soraia acompanhou todos os passos de Daiana e de sua família até seu último suspiro, hoje em dia Daiana é casada com Caique e tem duas filhas, uma delas se chama Soraia inclusive em homenagem a amiga e irmã de caminhada.

Depois disso Daiana sonhou mais duas vezes com Pedro e até hoje não se esqueceu dele e guarda em sua memória os momentos felizes que teve com muito carinho e respeito, vivo ou morto ele foi o seu primeiro amor, hoje mais velha Daiana compreende que esse mundo é cercado por coisas que não conseguimos explicar mas que de alguma forma estamos prontos para vivenciar mesmo sem entender, compreende que a vida é cheia de truques dos quais não podemos controlar, acredita que de alguma forma os destinos dela e de Pedro estavam predestinados a se cruzarem, em suas orações ela sempre coloca o nome de Pedro, Soraia e César, seu pai, para que estejam em um bom lugar e cuidando de sua família, Daiana segue seus dias feliz com a sua família, esta grávida pela terceira vez e cuida da sua mãe já idosa, Daiana continua morando no interior de São Paulo e jura que tudo o que relatou é verdade, ainda que não tenha como provar.



E aí queridos, espero que tenham gostado, esse conto é mais leve com um toque de sobrenatural, inspirado nos romances espiritas que eu já li, mas os romances segundo os próprios autores e médiuns, são romances psicografados em histórias reais vividas pelos mesmo espíritos ainda em vida!

E você acredita em amor verdadeiro, acredita que ele possa ultrapassar a vida terrena....como Interestelar já dizia: " O Amor é a única coisa que transcende o tempo e o espaço."




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